sábado, 28 de março de 2009

Páscoa,canções e chocolates...


A canção abaixo veio-me a cabeça quando resolvi escrever sobre a Páscoa. Confesso que só lembrava um trecho da letra e como sou uma senhorinha moderna recorri ao Google onde tive um reencontro com a letra, só que com macaquinho em vez de coelhinho.
Me lembro da letra com o coelhinho que era cantada na preparação para a Páscoa no Jardim de Infância onde minha mãe lecionava e eu ia junto e onde anos mais tarde fui professora por dezoito agradáveis e inesquecíveis anos.
Tenho cinco réis
Tenho um alguidar
Tenho um coelhinho
De pernas para o ar
Quando me levantoTiro-lhe o chapéu
Aperto-lhe a mão
Olarilóle

Começo a pensar nos ovos de chocolate que vou preparar para presentear os mais próximos.A primeira vez que fiz foi por economia, hoje gosto de preparar e criar novos tipos com ingredientes diversos.


Ovos de Páscoa
1 k de chocolate meio amargo (ou ao leite se preferir)
frutas secas variadas (nozes, amêndoas, amendoins e/ou castanhas secas) ou um praliné comprado pronto e socado
formas de ovos de Páscoa de variados tamanhos
papel alumínio ou chumbo
papel colorido para embalar
fitas coloridas

Corte metade do chocolate em pedaços pequenos com uma faca sem serra e ponha num recipiente de vidro. Aqueça água numa panela que tenha o diâmetro menor que a vasilha de vidro. Quando a água aquecer desligue o fogo e ponha o recipiente com o chocolate e mexa até derreter.
Use um pincel e distribua o chocolate nas formas, deve ficar uma camada uniforme e fina.Leve às formas à geladeira até endurecer. Pincele mais uma camada de chocolate nas formas e leve à geladeira novamente.
Corte o chocolate restante e derreta em banho-maria como da primeira vez. Junte às frutas secas e/ou o praliné e mexa.
Pincele o chocolate nas formas e leve novamente à geladeira. Repita o processo mais uma vez.
Use o chocolate restante para fazer pequenos bombons para rechear os ovos (encha pequenas forminhas e leve à geladeira).
Deixe as formas na geladeira até o chocolate desprender.
Desenforme sobre o papel alumínio ou chumbo e junte as metades, recheando antes com os bombons.
Depois de embalado no papel alumínio ou chumbo cubra com o papel da sua preferência e arremate com um belo laço.

domingo, 22 de março de 2009

Folar de Valpaços


Quando era pequena e vivia na casa da minha avó materna, a cozinha transformava-se num local sagrado de trabalho e paladares. Tudo começava logo cedinho, com o peneirar da farinha, o partir das dúzias de ovos para um grande alguidar, que era colocado nem perto, nem longe da lareira, com o corte das carnes: presunto, linguiça, salpicão, galinha refogada. Tudo era caseiro. Desde os ovos às carnes.

Tratava-se também da massa que deveria levedar. Na masseira punha-se os kilos de farinha, a água morna com uma pitada de sal, que se iam misturando e o fermento de padeiro diluído também em água. Fazia-se depois uma bola que se colocava num dos cantos da masseira, coberta com um lençol imaculado e um cobertor de lã, para que levedasse mais depressa. Creio que levava cerca de duas horas, mas a massa era sempre vigiada.
Escusado será dizer que se faziam vários folares num só dia. O forno a lenha ficava cheio e, no fim, porque havia um pequeno que cozia mais depressa, provávamo-lo com um chá de ervas. Hum! que delícia!

A seguir misturavam-se os outros ingredientes, mas não me vou a longar nessa descrição, porque vos vou deixar a receita.

********

Ingredientes:

1Kg de farinha;
2 cl de água;
sal q. b.
12 ovos mais 1 gema;
450g de manteiga ou margarina;
2 cl de azeite;
30g de fermento de padeiro;
1 frango pequeno corado;
1 salpicão pequeno;
200g de presunto;
1 chouriço de carne (linguiça);
1 salpicão;
salsa.

Modo de preparação:

Peneira-se a farinha com um pouco de sal num alguidar e faz-se uma cova no meio. Desfaz-se o fermento de padeiro em 0,5 dl de água tépida, deita-se na cova da farinha e vai-se envolvendo nela.

A massa considera-se bem batida quando aparecem uma bolhas à superfície. Nesta altura polvilha-se a massa com um pouco de farinha, cobre-se com um pano e envolve-se o alguidar com um cobertor. Coloca-se num local tépido e onde possa receber um pouco de calor indirecto. A massa leva 2 horas a levedar. Está levedada quando atingir o dobro e apresentar um aspecto rendado.

Colocam-se os ovos inteiros com a casca numa tigela e cobrem-se com àgua morna. alguns minutos depois, abrem-se para dentro da farinha (sempre ao centro) e vai-se fazendo absorver a farinha trabalhando-a a partir do centro. derrreta as gorduras em lume brando. Junta-se à massa e trabalha-se tudo adicionando agua necessária até obter uma massa fina. A seguir, bate-se a massa com as mãos até esta se desprender completamente do alguidar.

Cortam-se o chouriço e o salpicão às rodelas, o presunto às tiras e desossa-se o frango limpando-o de peles e ossos e desfazendo-o em febras. Divide-se a massa em três partes, devendo uma delas ser um pouco maior. Estende-se esta parte maior e forram-se com ela o fundo e os lados do tabuleiro. Espalha-se por cima metade da porção das carnes e salsa e cobre-se com a segunda parte das massa, sobre a qual dispõem as restantes carnes. Finalmente, tapa-se o folar com a terceira parte da massa e unem-se os bordos a esta camada final. Deixa-se levedar novamente o folar até aparecerem bolhinhas a superfície. Nesta altura, pincela-se com gema de ovo e leva-se a cozer em forno bem quente durante cerca de 45 minutos.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Um baú de lembranças...

Falando em memórias, outro dia, me dei conta de que recebo de herança em minha família os livros de receitas, as caixas de costura, livros e álbuns de fotografias. Sou uma dona-de-casa das mais incompetentes, mas gosto de cozinhar, costurar, bordar e colecionar coisas.Talvez por isso acabe como "guardiã" desses objetos antigos.

E quando eu partir daqui, quem ficará no meu lugar? Sei lá, e é melhor afastar essa ideia pra longe. De qualquer forma me dei conta de que sou uma senhorinha de olhar míope.

É verdade que já criei minhas "tradições" na família, sou eu que preparo os ovos de Páscoa, fabrico o presunto no Natal (dá um trabalho!!!),faço os docinhos de aniversário, o cozido, os pastéis de nata, as ambrosias e vivo inventado umas receitas meio malucas.

Como parte dessas "criações" estão as minha migas de Sábado de Aleluia. Uma dessas maluquices que invento sei lá de onde e que acabam virando uma tradição, ano após ano.
Nesses tempos de crise, uma receita feita com sobras acaba por ser bem-vinda. Talvez a lembrança dessa receita venha inspirada nas minha últimas leituras. Estou no terceiro livro ou quarto livro que tem a Segunda Grande Guerra como pano de fundo, e na hora das dificuldades tudo deve ser aproveitado.


Migas de Sábado de Aleluia

5 pãezinhos amanhecidos (ou uma baguete) cortados em cubos
2 colheres de azeite
6 ovos ligeiramente batidos
200 gramas de presunto (fiambre) picado em cubos
3 dentes de alho picados

Leve ao fogo brando uma colher de azeite e o alho numa frigideira grande, assim que alourar junte os pães. Deixe dourar, virando sempre para não queimar. Reserve.
Leve a outra colher de azeite ao fogo junte os ovos e espere endurecer, vá levantando as bordas da omelete suavemente e junte o presunto sem mexer. Assim que os ovos estiverem cozidos, mexa delicadamente (deve ficar em pedaços grandes) e junte o pão dourado com o alho.
Misture delicadamente e sirva.

terça-feira, 10 de março de 2009

Da arte de fritar sardinhas e outras tragédias domésticas


dona de casa1

Hoje tive uma experiência doméstica das mais desagradáveis. Fritar sardinhas.

Acho que a partir de tal fato vou pensar duas vezes antes de falar aos quatro ventos que adoro cozinhar. Na verdade dentre as chamadas ”tarefas do lar” cozinhar sempre foi a única que consegui executar com prazer e,creio, certa habilidade,mas a partir de hoje já não tenho essas certezas.

Salve as cozinheiras de quiosques à beira mar, das tascas, botequins e restaurantes pelo mundo afora, são heroínas engorduradas. Eu saí traumatizada da experiência. Me senti a última das criaturas,com calor,enfumaçada, dinossaura,um ser de outro tempo,de outro planeta,sei lá de onde.

Uma amiga me confidenciou que questiona a chamada “emancipação feminina” já que hoje além de dar conta do trabalho fora de casa ainda tem que desempenhar as tarefas do lar. Não concordo com ela, absolutamente. Meus problemas começam justamente com as tarefas do lar. Tenho que dar conta delas apenas nos fins de semana e não raro surto como hoje. Quanto ao trabalho remunerado, fora de casa, só tenho a agradecer. Acho que enlouqueceria se tivesse que apenas ficar em casa e, portanto, cuidando das chamadas obrigações domésticas (leia-se “de mulher”), sem sair dos muros, sem ganhar a rua.

A grande injustiça hoje é ter o lar como responsabilidade apenas das mulheres. Trabalhamos tanto, e não raro mais, quanto os homens fora de casa e ainda somos consideradas “culpadas” pelo pão que acabou, pela banana que apodreceu pelo suco que não foi feito ou pelos uniformes das crianças que não foram lavados.

Quero saber até quando essa situação vai continuar. Enquanto isso, vamos levando “nossas” tarefas nas costas e ainda sendo obrigadas a ser bonitas,educadas,bem cuidadas, em dia com a moda, boas mães,esposas,filhas,namoradas. E o mundo gira.

Esse texto foi anteriormente publicado no Todos os Sonhos de Abril em 14 de setembro de 2008. Acho que veio bem a calhar pela passagem do Dia Internacional da Mulher e também porque é Quaresma, época de comer peixes. A sardinha é um dos pescados mais baratos.

E a receita? Bom a original é feita com sardinhas fritas, mas fiz uma versão mais prática (poderia chamar de menos traumátioca).

Sardinhas na brasa acompanhadas com batatas

1k de sardinhas limpas

sal grosso

azeite de oliva

azeitonas pretas

cebolas

tomates

orégano

Tempere as sardinhas com sal grosso. Leve-as à churrasqueira com um pouco de azeite.

Grelhe dos dois lados.

Numa travessa grande arrume as sardinhas, cubra com batatas cozidas em rodelas grossas, cebolas, tomates em rodelas ,azeitonas e polvilhe com orégano. Regue tudo com azeite de oliva.


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