terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Já alguma vez comeu javali?


Sempre me lembro, a partir dos meus doze anos de idade, de ver os meus primos e tios partirem nas madrugdas de quinta-feira, feriados e domingos para a caça. Dependendo dos meses, caçavam rolas, perdizes, tordos, coelhos, lebres e, alguns deles, organizavam um grupo de caçadores para a caça grossa. Tratava-se da caça ao javali que podia deixar algumas marcas menos agradáveis.
Um javali ferido foge, mas ataca os seus atacantes com ferocidade se os apanhar desprevenidos. É preciso atirar a matar ou os dentes de javali podem fazer alguns estragos. Isso aconteceu a um primo meu.
A caça ao javali está confinada a algumas coutadas e só os sócios podem participar. Hoje em dia a caça ao javali faz-se no Parque Natural de Montesinho, que é, actualmente, uma área protegida. Também se faz notros lugares do país, claro!
A carne de javali é escura e para ser confeccionada é necessário saber algumas e boas dicas de cozinha.
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Javali do Monte
Ingredientes:

1 kg de carne limpa de javali (sem nervos ou gorduras)
0,5l de vinho tinto
o,5l de vivho branco
1 cebola às rodelas
4 ou 5 dentes de alho picado
louro
pimenta em grão
cravinho
colorau
ervas aromáticas (orégãos, tomilho)
sal qb

Confecção:

Faça uma marinada com o javali cortado em fatias: adicione o vinho tinto e o vinho branco; a cebola às rodelas; os alhos picados; louro a gosto; a pimenta em grão; o cravinho; o colorau, as ervas aromáticas e o sal.
Deixe marinar durante 12 horas para a carne ficar saborosa e tenrinha.
Passado esse tempo, deite azeite qb num tacho e aloure de um lado e do outro as fatias de javali. A segir deite toda a marinada no tacho e deixe apurar em lume brando.
Pode servir-se com:
Esparregado de Couve
Corte a couve miudinha e coza-a. Assim que estiver cozida escorra-a. De seguida, deite um pouco de azeite,alhos picadinhos e louro numa frigideira. Deixe alourar.
Junte a couve e mexa durante 3 ou 4 minutos. Adicione uma colher de sopa de vinagre e 2 ou 3 colheres de sopa de farinha. Envolva bem e está pronto.
Marmelos Assados
Corte 4 marmelos ao meio, retire as sementes, lave bem, coloque uma noz de manteiga no meio de cada um e leve ao forno a assar.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Bobó de camarão

A origem do prato segundo é africana, daí ser típico da Bahia, o estado mais africano do Brasil. Um prato tão baiano quanto o som de um berimbau.

A versão da Wikipédia:

"Bobó é um prato da culinária brasileira popular na cozinha da Bahia, de origem africana. Trata-se de um creme pouco consistente feito de inhame, vinagreira, etc., cozidos e amassados com azeite-de-dendê, pimenta, sal e um pouco de camarão seco. Pode ser servido quente, morno ou frio, como prato principal ou como acompanhamento.
O bobó de inhame e o de vinagreira são os mais antigos, preparados desde o século XVII. Depois, foram sendo sofisticados com o acréscimo, à massa básica, de frutos do mar (camarão fresco, caranguejo desfiado, mexilhão, bacalhau, etc.), previamente refogados.
O atual bobó de camarão, prato de renome, também tem, entre seus ingredientes mandioca e leite de coco."

O bobó de camarão, típico do estado brasileiro da Bahia, é um prato muito popular em outros lugares do Brasil, no entanto,com algumas modificações. No Rio de Janeiro, costumamos fazê-lo com azeite de oliva e não de dendê (um tanto forte para os paladares não inciados na culinária baiana) e com o leite de coco opcional (outro sabor também muito característico que não agrada a todos).

A minha receita de bobó, que aprendi ainda menina com um primo, é bem simples e fácil, com sabores mais suaves.

Bobó de Camarão

1 quilo de camarões com casca
1 quilo de aipim (mandioca) cozida
2 cebolas grandes picadas
1/2 molho de coentro
300 g de molho de tomate
sal q.b.
azeite de oliva q.b.

Leve o camarão ao fogo com um pouco de sal, sem acrescentar água, numa panela grande. Espere ficar vermelho e a água (que escorre naturalmente do camarão secar). Feito isso, descasque os camarões (guarde as cabeças para preparar um bom caldo). Leve uma cebola ao fogo para refogar com um pouco de azeite, junte as cabeças de camarão e um litro de água. Depois de apurar, passe por uma peneira e reserve o caldo.
Refogue a outra cebola em azeite, junte os camarões e o molho de tomate, espere apurar. Bata o aipim no liquidificador (aos poucos) com o caldo reservado ( se necessário junte mais água).Junte o aipim batido aos camarões na panela e espere ferver bem e apurar o sabor. Prove o sal e acrescente o coentro picado e mais azeite. Se gostar junte 100 ml de leite de coco. Sirva com arroz branco.

sábado, 16 de janeiro de 2010

BACALHAU À MODA DE BRAGA


Cidade de Braga...uma gastronomia riquíssima, o bacalhau assume-se como o prato favorito. A cidade é famosa pelas receitas de bacalhau, como por exemplo, o Bacalhau à Narcisa, o Bacalhau à Minhota e o Bacalhau à Moda de Braga. Além disso, o arroz de pato, as papas de sarrabulho com rojões, a tripa enfarinhada, os farinhotes, os enchidos de sangue, o cabrito à moda de Braga, as frigideiras do Cantinho ou as da Sé, os rojões à moda do Minho, o frango "pica no chão", o vinho verde, o Pudim Abade de Priscos, o toucinho do céu, o bolo rei escangalhado, fidalguinhos, pederneiras, suplícios, paciências, entre muitos outros, fazem de Braga uma cidade de sabores...e amores!
Desta feita, deixamos o Bacalhau à Moda de Braga...mas prometemos mostrar um pouco mais desta riquíssima gastronomia que nos orgulha.

BACALHAU À MODA DE BRAGA

Ingredientes:
- postas de bacalhau do lombo demolhado
- 3 cebolas grandes
- azeite
- colorau
- pimenta
- sal
- folha de louro
- vinagre
- 1 kg de batatas (fritas às rodelas)

Modo de preparação:
Frite muito bem as postas de bacalhau em azeite.
Faça uma cebolada no azeite em que fritou o bacalhau e deite uma folha de louro, o colorau, a pimenta, o sal e uma gotas de vinagre.
Coloque as postas do bacalhau numa travessa e coloque por cima a cebola.
Acompanhe com batatas fritas às rodelas.
Para beber...um Vinho Verde...da região.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Feijão tropeiro: um prato dos desbravadores

Há várias histórias que cercam a origem desse prato. Alguns falam que surgiu quando as tropas de gado eram tocadas do Rio Grande do Sul para o Paraná e São Paulo. Outros que surgiu quando os tropeiros que faziam o transporte do ouro entre as Minas Gerais e o Rio de Janeiro através da antiga Estrada Real.
O certo é que a mistura de feijão sem caldo, farinha de mandioca,linguiça, toucinho e carne seca surgiu da necessidade de um prato que fosse facilmente conservado e preparado nas estradas, nos acampamentos dos tropeiros.
Hoje o feijão tropeiro é um clássico da comida mineira, tem sabor à Minas Gerais mas é apreciado em todo o Brasil e acompanha tanto a carne de porco quanto o tradicional churrasco.
Deixo aqui a receita da minha irmã Cecília, que faz sucesso tanto acompanhado de uma costelinha de porco quanto de uma carne de boi na brasa.
No link em seguida um post sobre o Tropeirismo no Brasil (http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=496)


Feijão Tropeiro

Ingredientes:

6 dentes de alho
1 cebola grande
4 ovos
300 g de linguiça da preferência
100 gramas de bacon
300 g de carne seca
500 g de farinha de mandioca
300 g de feijão cozido, lavado e bem escorrido
óleo de soja
azeite
cebolinha
1 molho de couve cortada bem fina
torresmo

Deixe a carne seca em água fria para a retirada do sal (troca-se a água várias vezes) de véspera. Corte em fatias finas
Escalde a linguiça em água fervente e corte em rodelas.
Corte o bacon em cubinhos.
Frite a carne seca, a linguiça e o bacon e reserve. Junte um pouco de óleo à gordura que ficou na panela e junte 3 dentes de alho, a cebola picada e quando estiverem dourados junte os ovos, frite e quando estiver no ponto parta os ovos em pedaços e junte as carnes fritas e a farinha. Forme uma farofa. À parte refogue os 3 dentes de alho restantes e junte ao feijão reservado. Junte o feijão à farofa e mexa bastante para que todos os ingredientes fiquem bem incorporados, junte a couve e termine com a cebolinha picada. . Regue com azeite e acerte o sal.Cubra com torresmo
Sirva acompanhando carne de porco ou churrasco.

*Receita corrigida às 14:18 do dia 13 de janeiro porque me esqueci do torresmo.



terça-feira, 5 de janeiro de 2010

TRIPAS À MODA DO PORTO



…é um prato tradicional nascido na Cidade do Porto, e que remonta ao período dos Descobrimentos Portugueses.

Reza a história que o Infante D. Henrique, também conhecido na História como Infante de Sagres ou Navegador, precisando de abastecer as naus para a tomada de Ceuta na expedição militar comandada pelo Rei D. João I em 1415, pediu aos habitantes da Cidade do Porto todo o género de alimentos.
Todas as carnes que a Cidade tinha foram limpas, salgadas e acamadas nas embarcações, ficando a população sacrificada unicamente com as miudezas para confeccionar, incluindo as tripas. Foi com elas que os portuenses tiveram de inventar alternativas alimentares, surgindo assim o prato "Tripas à moda do Porto" que acabaria por se perpetuar até aos nossos dias e tornar-se, ele próprio, num dos elementos gastronómicos mais característicos da Cidade. De tal forma que, com ele, nascia também a alcunha de tripeiros, como ficaram a ser conhecidos os portuenses desde então.

Ingredientes:
1,5 kg de tripas, folho e favos de vitela
150 g presunto com gordura
1 orelha de porco
1 mão de vitela
1 chouriço
1/2 frango
2 cebolas
1 l feijão-branco
4 cenouras
1 folha louro
100 g banha
1 ramo de salsa
1 limão
sal e cominhos q.b.

Modo de preparação:
As tripas devem ser bem lavadas e esfregadas com sal e limão. Colocam-se num recipiente com água e rodelas de limão, até ficarem brancas.
Cozem-se, separadamente, as carnes e o feijão. Num tacho, leva-se a alourar na banha, a cebola e a folha de louro. Juntam-se as tripas e todas as carnes cortadas aos bocados, o feijão, as cenouras cozidas e um pouco de caldo de carne, tempera-se com sal e cominhos. Ferve durante 25 minutos e serve-se em terrina polvilhada com salsa picada.
As tripas são acompanhadas com arroz de forno, que se serve simultaneamente.

A história dos sabores


Quando resolvemos criar esse blog, há quase um ano, eu e a Natália pensamos inicialmente em contar histórias de família e as receitas que apreciamos e das quais lembrávamos ou tínhamos guardadas em antigos livros e cadernos de receita. Assim nasceu o Sabor e Histórias.
Com a chegada da Maria Margarida nosso blog ganhou mais agilidade e regularidade e postamos receitas tradicionais da época de Natal. Agora vamos começar uma série de "receitas históricas".Na verdade a Natália escreveu um post nessa linha nas suas férias de verão, as ameijoas a bulhão pato.
A nova série começa logo. Espero que gostem.

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