terça-feira, 13 de julho de 2010

Abobrinhas




Abobrinhas

Walnize Carvalho

Quem nunca, na calada da noite, acordou com fome, abriu a geladeira em busca de algo para comer? E olha daqui, espia dali, destampa depósitos, abre gavetas e não encontra nada que a satisfaça. Já está prestes a desistir quando sai catando ovo, cebola, temperinho verde, sobras de arroz, um bife ou uma coxa de galinha... Surpresa! Lá no fundinho, em recipiente hermeticamente fechado, encontra o restante de saborosa feijoada do dia anterior. E cheia de gás, abre o fogão e de frigideira em punho começam “os trabalhos”. Refoga ingredientes e criatividade. Em minutos está pronto o famoso “mexidinho” - o aplacador de fomes noturnas! Dizem que em Minas é conhecido por “Restô di ontê”
E assim, mesmo os que por aptidão, por prazer ou até por necessidade militam na “arte do bem cozinhar” usam destas artimanhas e criam pratos saborosos – “manjar dos deuses” – dirão alguns.
Há os que por contentamento e humor dão nomes às suas iguarias deixando sua marca registrada. Daí terem surgidos: Vaca atolada, Baião de dois, Roupa velha (feita de charque ou sobras de carne assada frita com farinha de mandioca),Tutu de feijão, Bife a cavalo, Atolado de bode, Leitão a pururuca... Num fast food de lembrança surgem a pizza na pedra, o peixe na telha... Como esquecer, no tocante a doces, do pé de moleque,do puxa puxa, do quebra queixo e do bolo “amarra marido” do caderno de receitas da vovó?
Eu, particularmente, gosto de cozinhar o trivial e dar apelidos aos atos de criação: Arroz “metido a besta”; Arroz “unidos venceremos”; “Grude estranho”, “Ensopado Transformista” (no almoço é ensopado; no jantar vira sopa)... Mas, meu carro chefe - o “queridinho” dos filhos e netas - é o feijão da vovó (cujo segredo são duas folhinhas de louro)...
Claro que também aprecio iguarias bem feitas ,os prazeres da boa e requintada mesa(principalmente em restaurantes). Mas detenho-me aqui em citar pratos bem mais conhecidos que contêm denominações: Bacalhau ao Zé do Pipo, Churrasco à Osvaldo Aranha, e outros de paladar inigualável.
E, em meio a tantas abobrinhas, elas – verdadeiramente - não podem ficar de fora: abóbora de pescoço, abobrinha verde com ovos estrelados...
Deu fome? Em mim também!
Bom apetite!


Abobrinhas com Camarão

4 unidade(s) de abobrinha
100 gr de camarão sete barbas
200 gr de pescada branca em cubos médios
1 talo(s) de salsão (opcional pode ser substituído por alho poró/francês)
1 folha(s) de louro
2 kg de tomate maduro(s)
quanto baste de miolo de pão
quanto baste de salsinha
quanto baste de sal
quanto baste de pimenta-do-reino branca
2 dente(s) de alho picado(s)
Corte a ponta das abobrinhas e faça um buraco no centro (cuidado para não atravessar o outro lado). Reserve a abobrinha, o talinho de polpa retirado e as pontas. Bata os tomates no liqüidificador com um pouco de água. Numa panela, esquente o azeite. Adicione o salsão ou alho francês/poró, a folha de louro e a polpa da abobrinha picada. Refogue. Acrescente o tomate batido e cozinhe até formar um molho encorpado. No processador, bata bem o peixe, os camarões a salsinha e o miolo de pão. Coloque a mistura numa tigela e tempere com sal e pimenta do reino. Recheie as abobrinhas e , depois, feche-as com as pontas reservadas, utilizando palito de dente para firmar. Passe o molho de tomate pela peneira, para deixa-lo mais liso. Retorne o molho à panela, adicione um pouco de água e junte as abobrinhas recheadas. Cozinhe por 20 minutos em fogo brando com a panela tampada. Sirva as abobrinhas cortadas e regadas com o molho. Acompanhe com arroz branco ou macarrão.

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